Voto é poder, agora sob novas regras

por Sulamita Esteliam

Já não há mais as manhãs de setembro. Agora só no ano que vem. Esperemos que possamos cantá-las sem nó na garganta pelas vidas que também se tornam lembranças no coração de quem lhes tributa afeto, e já chegam aos 145 mil.

E há o abismo infindo, que traga nosso país. E há uma apatia absurda de um Brasil que, definitivamente, se recusa a ser nação.

Falo da ideia de nação como lugar de pertencimento, de identidade coletiva, a partir do idioma, hábitos e cultura, de cuidar do que é nosso por direito.

Aquele tal orgulho de ser brasileiro, brasileira durou breve tempo, esfumaçou-se. No popular, foi para o ralo – junto com a violação dos direitos constitucionais, inclusive o respeito á soberania do voto.

Na proporção inversa ao abuso do símbolo-mor nacional. O símbolo augusto da paz é fantasia de um patriotismo intolerante, chulo, baseado na ignorância, no fundamentalismo abusivo e na negação de princípios básicos de coletividade e soberania.

Pois bem, a cada eleição temos oportunidade de corrigir os equívocos praticados em nome da democracia, do exercício de cidadania. Apesar de…

E a eleição municipal é aquela que fala mais perto da vida cotidiana. Pois a cidade é sua casa estendida. Muitas vezes as pessoas não se dão conta disso.

Chegamos a outubro com candidaturas definidas, e o costume é focar nas figuras prefeituráveis. É importante fazer boa escolha, mas sem se esquecer de que é fundamental escolher bem a vereança, que é quem define as regras das ações da prefeitura.

A lembrar que nestas eleições municipais, pela primeira vez, não vale coligação para a escolha proporcional – vereadoras e vereadores.

Os partidos podem se coligar a chapa do Executivo, mas a aliança não alcança a lista de postulantes a uma vaga na Câmara Municipal.

Por exemplo, no Recife, o PT tem Marília Arraes candidata a prefeita, com João Arnaldo do PSol na vice.

Mas na disputa para o Legislativo, cada legenda soma votos separadamente de suas candidaturas à Câmara Municipal para o preenchimento de vagas, de acordo com as regras de partilha.

Daí que em muitos municípios os partidos optaram por terem candidatos próprios para o Executivo no primeiro turno, como forma de atrair votos, indiretamente, para a chapa proporcional.

É o caso do PT e do PSol, para ficar nos dois partidos de esquerda, nas maiores capitais. Em São Paulo, com Jilmar Tatto e Guilherme Boulos, respectivamente; Rio de Janeiro, com Benedita da Silva e Renata de Souza; e Belo Horizonte, com Nilmário Miranda e Áurea Carolina.

O que chegar ao segundo turno, idealmente, agrega o apoio do outro. Só não vale dar uma de Ciro Gomes e ir se refugiar em Paris ou na Conchichina para amargar a derrota. Creio que não é o caso.

No campo da esquerda as chapas proporcionais oferecem uma gama bem interessante de candidatas e candidatos. Inclusive candidaturas coletivas, que embora não regulamentadas por lei, funcionam bem no exercício do mandato, legalmente exercido por uma pessoa: várias cabeças pensando as ações.

Procure conhecer e avaliar com cuidado, antes de escolher em quem votar. Lembre-se que sem uma bancada significativa na Câmara, prefeita ou prefeito não consegue administrar, porque é lá que se definem as regras do jogo.

Não deixe para a última hora.

Examine bem o histórico da pessoal, as identidades setoriais e comunitárias, as propostas de soluções dos problemas da cidade na área da saúde, educação, cultura, segurança; da sua rua, do seu bairro, da sua regional para o todo.

O voto, como a vida, é exercício de cidadania, e só presta assim – do umbigo para o mundo.

Para saber mais

Duas matérias que ajudam a conhecer o que muda nas regras para as eleições municipais de 2020 e como se chega ao número de cadeiras conquistadas por cada legenda:

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