por Sulamita Esteliam
Há menos de uma semana escrevi que o Brasil se aproximava das 250 mil mortes por Covid-19, e a “mulher da foice” estava a postos para colher muitos mais. Pois nesta quarta-feira, véspera do aniversário do primeiro registro de vítima da pandemia no país, está rompida a barreira: 250.079 pessoas foram tragadas pelo mal. E há 66 milhões de infectados.
A dor toma a proporção de uma hecatombe. É carnificina.
Não é onda, é tsunami, que está longe de arrefecer. Há um mês a média móvel de mortes supera 1000. O registro da média móvel em sete dias é de 1.124, a maior desse quase um ano de espalhamento do dito novo Coronavírus. Significa que tem morrido, em média, mais de 7 mil pessoas por semana ao menos nas últimas quatro semanas.
Sem vacina, sem providências, sem organização que não seja para convalidar o genocídio. A última é que a remessa de vacinas para o Amazonas foram parar no Amapá. Isso porque o ministro da Saúde é um general especializado em logística.
Jogam com a vida das pessoas, sem o menor pudor.
O vizinho Chile, com todos os problemas políticos e sociais recentes, já vacinou 15% de sua população. Lidera na América latina e está entre os 10 países que mais imunizaram sua gente no mundo.
Aqui, apenas 2,6% do está vacinado. Há 30 fábricas de vacina para o rebanho bovino – não é metáfora para o gado mítico -, mas não tem para o povo.
Embora instituições como o Instituto Butantã, em São Paulo, e a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e nossas universidades, tenham conhecimento e competência para produzir o imunizante, e o SUS expertise inigualável no mundo em campanhas de vacinação.
Não há vontade política, entretanto. Ou melhor, há deliberação para emperrar o processo, para atrapalhar as soluções que se encontram para enfrentar a pandemia e minorar o sofrimento da gente brasileira.
A coisa só não está pior porque outros poderes têm agido para frear os desmandos do Executivo.
Em decisão unânime, o STF autorizou os estados, municípios e o Distrito Federal a importar vacinas contra a Covid-19 já testadas e liberadas em outros páises, caso a Anvisa faça corpo mole para autorizar.
As unidades da federação podem também imunizar sua população com as vacinas disponíveis, desde que aprovadas pela Anvisa. Isso no caso de a agência e o desgoverno não cumprirem o Plano Nacional de Imunização, tanto em prazo como em vacinas em quantidade suficientes.
De sua parte, o Senado Federal aprovou projeto de lei que autoriza empresas privadas a comprarem vacinas, mas tão somente para abastecer o PNI e as prioridades definidas.
Já era tempo.
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Fontes recorridas:
Ministério da Saúde
MSN.com
Tijolaço
STF
Revista Fórum
Carta Capital
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