Lula é preso político; os lobos estão famintos

A serenidade demonstrada por Cristiano Zannin nesta coletiva de imprensa  é de quem acredita no Direito como proteção e defesa da dignidade humana. Talvez, por um momento, se esqueça de que os lobos têm sede e fome, são carniceiros.

Pouco depois da publicação desta coletiva no sítio do ex-presidente Lula, pipocaram nas redes, via blogues e portais da mídia venal a bomba do dia: Moro, o inquisidor de Curitiba, decreta a prisão imediata de Luiz Inácio Lula da Silva.

Magnânimo, concede que ele se apresente até as 17 horas desta sexta-feira, 6 de abril de 2018, “em atenção à dignidade do cargo que ocupou”.

O despacho se apressa em dar cabimento à liberação TRF-4, de Porto Alegre, em ofício assinado pelo desembargador Leandro Paulsen, presidente da 8a. Turma do TRF-4 e pelo juiz Nivaldo Brunoni. Este último, substitui o relator do processo, João Pedro Gebran Neto, que condenou Lula a 12 anos e 1 mês de prisão.

A notícia foi divulgada via zap-zap dos jornalistas que cobrem o tribunal. O DCM reproduz um trecho.

“Destaco que, contra tal determinação, foram impetrados Habeas Corpus perante o Superior Tribunal de Justiça e perante o Supremo Tribunal Federal, sendo que foram denegadas as ordens por unanimidade e por maioria, sucessivamente, não havendo qualquer óbice à adoção das providências necessárias para a execução”, informa o ofício, assinado pelo desembargador Leandro Paulsen, presidente da 8a. Turma do TRF-4 e pelo juiz Nivaldo Brunoni, que substitui João Pedro Gebran Neto, relator do processo em que Lula foi condenado a 12 anos e um mês.

É mais uma ilegalidade. Decreta-se a execução da pena a menos de 24 horas da negação do Habeas Corpus pelo STF.

A rigor, Lula teria direito a embargar os embargos do TRF-4, além de ingressar com recursos extraordinários no STJ e STF.

A despeito do resultado da Corte que envergonha o País e estupra a Constituição, que, embora lei maior do País, agora sabemos pela boca de um ministro do Supremo, “é relativa”.

O que vale é o que eles, todo-poderosos em sua sapiência discordante, interpretam, jactou-se  outro – o pavão do império midiático da “famiglia” Marinho.

Nenhum surpresa em si tratando de um processo político, golpista, com o Supremo, com tudo.

Depois do 17 de abril, quando a Câmara acatou o processo do impeachment fraudulendo da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, o Judiciário se encarrega de produzir, cumulativamente, mais dois dias da vergonha nacional.

É, como postei de manhã nas redes sociais, a propósito da decisão do Supremo:  a “fumaça do bom direito” engasgando nossa combalida democracia.

O totalitarismo é fato galopante. E como dói!

Mas a indignação é bom combustível para a coragem.

E Lula é maior do que tudo isso e do que todos eles, que bem cabem no lixo da História. Daí a gana com que tentam humilhá-lo e desconstruí-lo.

Receba nosso abraço, nosso carinho e nossa força, companheiro.

 

Agrego após a postagem, via sítio PT.org:

Mobilizações e vigílias estão sendo convocadas para esta sexta: em São Bernardo, onde Lula mora em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Brasil afora.

A caminho do sindicato Lula foi entrevistado pelo jornalista jornalista Kennedy Alencar, comentarista da Rádio CBN.

Belo furo de reportagem.

 

Apesar de indignado, compreensivelmente, o eterno sapo barbudo ainda se permite tirar onda, como se diz em Pernambuco, com a própria desgraceira:

“É o sonho de consumo do Moro e de quem quer me ver um dia preso.”

Eis as imagens da postagem do colega no Twitter:

PS2: Kakay é o advogado Antônio Carlos de Castro Almeida, autor da ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade que pede a revisão do decisão do STF sobre a possibilidade de prisão sem trânsito em julgado do processo, “para pacificar a tese da presunção da inocência”.

Depois do resultado do julgamento do HC de Lula, ele e outros dois colegas entraram com pedido de liminar para as ADCs 43 e 44, já liberadas para a pauta  do pleno pelo o ministro Marco Aurélio Mello, e travada pelo jogo político de Carmen Lúcia. Leia no Conversa Afiada.

Alias, no Estadão desta quinta, o ministro Gilmar Mendes, de volta a Portugal, fala da trapalhada da Corte, e da urgência de solucionar o imbróglio:

“Nos fingimos de espertos e causamos um problema”.

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Postagem revista e atualizada às 20:12 e às 20.33 horas.