E o ‘Nobel Alternativo 2019’ vai para…indígena brasileiro e três ativistas mulheres, uma delas adolescente!

Davi Kopenawa – Foto: Sesai/Ministério da Saúde, via GGN
por Sulamita Esteliam

No vão da tormenta que se abate sobre nós, vez por outra escapa uma noticia boa, às vezes mais de uma. A primeira do dia é a premiação do Nobel Alternativo, o Right Livelihood Award, para a liderança indígena brasileira, o Yanomami Davi Kopenawa ,

A notícia que vem de Estocolmo, na Suíça, é a minha escolha para retomar o A Tal Mineira depois de longa ausência. O computador esteve em restauro, no meio do caminho tem nova viagem, chegada com demandas de compromissos inarredáveis, baixo-astral, cansaço. Enfim, cá estamos novamente.

“[A homenagem] Demonstra confiança em mim e na Hutukara, e em todos aqueles que defendem a floresta e o planeta Terra. O prêmio me dá a força para continuar a luta para defender a alma da Floresta Amazônica”.

Palavra do homenageado, fundador e presidente da Hutukara Associação Yanomami, publicadas no Jornal GGN. Um das quatro lideranças mundiais contempladas nesta edição. As outras três são mulheres, o que em si encerra boas novas.

A valente garota ambientalista sueca Greta Thunberg, por sua luta contra as mudanças climáticas é uma delas. É preciso ler e/ouvir e refletir sobre o discurso dela na abertura da Cúpula do Clima, que antecedeu a Assembleia Geral da ONU, em Nova Yorque. O Brasil foi desconvidado, mesmo a Floresta Amazônica sendo a pauta principal, registre-se.

Guo Jianmei, advogada chinesa que atua na defesa dos direitos das mulheres na China foi reconhecida por seu “pioneirismo e persistência”.

Aminatou Haidar , ativista marroquina, recebe o prêmio por valer-se da não-violência em busca da autodeterminação do povo do Saara Ocidental. Há 30 anos. Mesmo presa e torturada.

Essas mulheres, de que não são capazes!?

Certamente o prêmio – um total de 1 milhão de Coroas Suecas, ou 103,5 mil dólares, ou 425 mil reais -, é um estímulo às suas lutas. Afinal, reconhecimento e dinheiro, e ainda por cima limpos, são bem-vindos sempre.

O Nobel Alternativo é concedido pela Right Liveli Hood Foudation, do Parlamento da Suêcia, há 40 anos. É a sete vez que um brasileiro é agraciado.

Antes de Davi Kopenawa, receberam o prêmio o bispo Erwin Kräutler (2010); o arquiteto e ativista social Chico Whitaker Ferreira (2006); o teólogo Leonardo Boff (2001); a Comissão Pastoral da Terra (1991); Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (1991) e o agrônomo e ecologista José Lutzenberger (1988).

Leio no Jornal GGN que Davi está com a vida sob ameaça. Ele e seu filho, Dário Vitório Kopenawa Yanomami. O motivo é o mesmo que lhe valeu a premiação: defendem seu povo e seu território, a Floresta Amazônica, da invasão ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami, entre Roraima e Amazonas, na fronteira com a Venezuela. 

As mesmas ilegalidades chamadas de soberania e desenvolvimento pelo ser que ocupa a Presidência da República do Brasil, prometida e anunciada no púlpito da Assembleia Geral da ONU esta semana.

Sim, a Amazônia está protegida, “pulmão do mundo” é o escambau. Índio não precisa de tanta terra para continuar pobre em cima de tanta riqueza.

E o que dizer da entrega das nossas reservas do Pré-Sal, cerca de 70%, para as petrolíferas estrangeiras? E do desemprego, da miséria e insegurança galopantes?

Piada pronta ouvir as palavras mágicas “soberania” e “desenvolvimento” da boca de um lambe-botas do senhor Estados Unidos.

– “I love you, Mr Trump president”.

Só faltou chamar para dançar. Mas a ousadia não lhe cabe, só desmantelo e vexame.

Sincericídio quanto a miopia e o projeto de retrocesso ambiental, político, econômico, social, humano, civilizatório.

Vergonha e mentira poucas, pura bobagem. O despudor abundante traduz projeto e ignorância.

Todavia, tudo que é de mais passa da conta. E aí estão as pesquisas que não nos deixa mentir. O “mito” está em desmoronamento, e não apenas na opinião pública. Sofre derrotas marcantes no Congresso Nacional. A última delas a derrubada de 18 vetos presidenciais à Lei de Abuso de Autoridade, ela própria aprovada ao revés do desgoverno.

Esta é a segunda boa notícia.

Mas é preciso mais. E repito o que já escrevi aqui ene vezes: é preciso que as esquerdas e as forças democráticas acordem para o imperativo de pressionar o TSE para anular a eleição presidencial e deixar que o país se reencontre nas urnas, o quanto antes. O impeachment não nos serve

Ah, eles não fazer isso? Nada se muda sem luta objetiva e renhida.  N]ao se trata de permissão, mas de conquista.

E aqui a terceira boa notícia: a CPMI das Fake News resolveu convocar as empresas de internet, marketing e telefonia  que prestaram serviços à campanha de Jair Messias Bolsonaro nas eleições de 2018. A meada é longa e bem trançada, mas é preciso começar a puxar o fio, logo.

O Brasil não aguenta até 2022,

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