por Sulamita Esteliam
Uma entrevista para começar bem a semana, com Lula da Silva, o Luiz Inácio, eterno “sapo barbudo”. Digo, sem medo de errar, que, para mim, é a melhor entrevista que já fizeram com o ex-presidente nos últimos tempos – dentro e fora da prisão.
A jornalista Ana Pastor, que comanda o programa El Objetivo, na televisão espanhola, mantém o tom certo nas perguntas e réplicas. Não se deixa engolir pela sagacidade e loquacidade de Lula. Profissional.
De sua parte, Lula faz o que é seu papel: defende sua inocência, se coloca como oposição ao desgoverno do capiroto, aponta a interferência do capital internacional, sobretudo dos Estados Unidos, no golpe que derrubou a presidenta Dilma e elegeu o capiroto; e não se furta a analisar a política internacional, inclusive o futuro do governo de coalizão espanhol.
Interessante a parte em que o ex-presidente confessa ter-se decepcionado com “o Obama”, o primeiro negro a presidir os Estados Unidos e que o chamou de “o Cara”.
Diz, aqui em livre interpretação, que o papel que ele, Obama, se prestou na espionagem da presidenta Dilma, mostrou que ele não tinha poder sobre o poder profundo.
A questão é saber quem, qual o governante, consegue superar o poder do capital, da plutocracia, em qualquer lugar do planeta, onde o dinheiro é senhor.
Neste contexto, impossível não lembrar que o próprio Lula, talvez, tenha praticado o autoengano em achar que tivesse sido aceito pelas orligarquias econômicas do Brasil. Ainda que tenha governado para todos.
Certamente, hoje ele sabe que não foi e nunca será deglutido, exatamente porque veio do povo, é parte do Zé e da Maria Povinho, que essa tanto despreza.
Registre, o que não é mero detalhe: nenhum jornalista, nem mesmo a Ana Pastor, até hoje fez essa pergunta para o ex-presidente.
A entrevista, gravada no início do mês, foi ao ar na tv espanhola no domingo 09 de fevereiro. Foi nosso acompanhamento – meu e do maridão – no café da manhã desta segunda-feira. Assista que vale muito à pena:
A Tal Mineira 