Transfeminicídio em série no Recife

por Sulamita Esteliam

Mataram mais uma mulher, desta vez uma travesti, no Recife, na última segunda-feira: Crismilly Pérola Bombom, ou Piu Piu, 37 anos, mulher negra, moradora da Várzea, Zona Oeste, onde exercia a profissão de cabelereira. Muito triste, indigno e revoltante.

Enquanto isso, na UTI do Hospital da Restauração, Roberta Nascimento Silva, voltou a ser entubada nesta segunda-feira, depois de ter amputado os dois braços, o esquerdo à altura do ombro, na tentativa de salvar-lhe a vida.  

Ela, que tem 33 anos, teve 40% do corpo queimado em 3º grau, e após as cirurgias, no domingo passou a ter complicações pulmonares. Seu estado é classificado pelos médicos como de “altíssimo risco”.

A mulher trans, moradora de rua, teve seu corpo incendiado enquanto dormia no Cais de Santa Rita. Um adolescente fez a maldade no dia de São João. No 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+. houve protesto em frente ao Palácio da Justiça, no Bairro de Santo Antônio, centro do Recife.

caso-crismilly-perola - acervo família
Crismilly Pérola – Foto: acervo familiar

O assassinato de Crismily é o 14º assassinato este ano, considerando-se a população LGBTQIA+. E olha que comparativamente a 2020, esse horror contabilizado registra queda de 72,34%: ano passado a transfobia, transfeminicídio e a homofobia fizeram 47 vítimas no primeiro semestre.

Dia 18 do mês passado, outro crime bárbaro: a transexual negra Kalyndra Selva foi morta por estrangulamento dentro de sua própria casa, no Bairro do Ipsep, Zona Sul. O principal suspeito é o ex-companheiro.

Pernambuco ocupa um desonroso sexto lugar no país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. De 2017 a 2020,  foram 35 assassinatos.  É um dos estados mais violentos contra essa comunidade.

Ainda não se sabe quem matou Crismilly, que teve o corpo encontrado na beira do rio. Não havia sinais de violência sexual. De 2019 a 2020, as vítimas de estupro de pessoas nesse grupo mais que dobrou – de 23 para 48.

Não bastasse isso, a sanha fundamentalista espalha preconceito e discriminação contra a população LGBTQI+, e não apenas nos parlamentos, onde hoje formão uma colmeia de vespas venenosas.

A ponto de uma escola classe média, em Aldeia, a Ecco Prime foi denunciada ao Ministério Público por uma série de postagens homofóbicas contra uma rede de lanchonetes que homenageou a comunidade por ocasião do Dia do Orgulho LGBTQI+.  

Deixo o link da reportagem de Inácio França, publicada pelo Marco Zero Conteúdo. O site de Jornalismo alternativo é a fonte principal das informações desta postagem – também aqui.

Bandeira lgbt

Denuncie homofobia e transfobia, não se cale! São crimes odiosos.

E no Recife estão previstas sanções as estabelecimentos públicos e privados que transgredirem as leis municipais 16.780/2002 e 17.025/2004.

CECH – Centro de Estadual de Combate à Homofobia 
Rua Santo Elias, 535 – Espinheiro
Fones 81-3282ç7665/7607
Email: centrolgbtpe@gmail.com

Centro de Referência em Cidadania LGBT
Rua dos Médicis, 86 – Boa Vista
Atende de 2ª a 6ª feiras de 9h às 17h
Ou ainda  pela plataforma online da Prefeitura do Recife: 
https://bit.ly/DenunciaLGBTRecife

Outras fontes requisitadas:

Alma Preta Jornalismo

Travesti negra é a assassinada à queima-roupa no Recife

JC NE

Roberta, mulher trans queimada no Recife, apresenta quadro de altíssimo risco e continua na UTI

Imagens bandeiras LGBT capturadas na internet.

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