por Sulamita Esteliam
O dia amanheceu feliz com a notícia de que a vacinação no Recife avança para a faixa dos 23 anos ou mais. O agendamento pode ser feito a partir da noite desta terça-feira. Sinal de que a imunização anda a passos céleres por aqui.
Só que não – ao menos não igualmente para toda a população.
Uma postagem no Instagram do vereador Ivan Moraes Filho (PSol) nos revela que se minha afirmação está bem para Boa Viagem, por exemplo, não reflete a realidade das áreas periféricas da cidade, onde a maioria da população é negra e pobre.
Quer dizer, como tem mostrado a leitura dos números de contaminação e mortes pelo Covid-19, a desigualdade também grita na análise dos dados da aplicação de vacinas.
Na verdade, trata-se do espelhamento do contexto de desigualdade social que retrata o Recife, desde sempre, e que em tempos de pandemia exigiriam políticas que promovam a equidade de acesso aos serviços de saúde, incluindo postos de vacinação contra o vírus.
Isso explica por que o agendamento para determinadas áreas é mais demorado do que para outras.
A modernidade do agendamento por aplicativo ou pela internet, da mesma forma, não promove a universalidade do acesso: há pessoas com dificuldades de lidar com tecnologia, e não apenas entre a população de rua.
Também é problema o sistema de transporte, quando não local de vacinação próximo à moradia. Com o desemprego crescente, pagar um coletivo é impossível para muita gente.
É o que discute e analisa a 10ª Nota Técnica emitida pelo gabinete de Ivan Moraes desde o início do flagelo da peste trazida pelo Coronavírus e potencializada pelo escárnio do poder público central, sobremaneira.
‘O Recife concentra um terço da sua população em áreas de morro, sendo 32,91% vuneráveis à pobreza e 206 mil moradores em áreas de risco. Esses dados demonstram como a população residente na cidade do Recife se distribui de maneira desigual pela cidade, reflexo da desigualdade social, característica marcante em nossa sociedade.”
Transcrevo o texto da postagem no Insta, pois não consegui incorporar:
“Nossa equipe analisou detalhadamente os dados de vacinação na cidade e viu que os bairros com maior taxa de letalidade absoluta da Covid-19 não são os bairros mais vacinados.
Na Nota Técnica de número 10, você pode conferir que entre os 10 bairros com maior taxa de letalidade no Recife estão a Linha do Tiro, Fundão, Rosarinho, Dois Unidos, Porto da Madeira, Mustardinha, Peixinhos, Cidade Universitária, San Martin e Sancho. Por outro lado, Boa Viagem, Cohab e Várzea lideram o ‘ranking’ da imunização completa, com segunda dose. Chama a atenção o bairro da Cidade Universitária, oitavo em letalidade e terceiro menos vacinado do Recife. O bairro de Boa Viagem, 63o em letalidade, é o bairro mais vacinado com primeira e segunda doses.
Recife precisa de estratégias que reduzam as desigualdades da vacinação completa entre os grupos mais vulnerabilizados. No estudo nós listamos algumas sugestões importantes.”
A Nota Técnica foca do período de 20 de janeiro a 24 de junho de 2021, com dados da Secretaria Municipal de Saúde do Recife. É longa e detalhada, e contempla um elenco de sugestões para equilibrar o acesso à imunização.
No Twitter, o vereador, que também é jornalista, resume a situação e a solução:
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Em tempo: Devo confessar que está difícil para mim manter a atualização diária do A Tal Mineira, por várias razões, que não vale à pena nomear. Mas posso dizer que, ao menos por enquanto, o farei sempre que possível. Sei que posso contar com a compreensão de cada um e cada uma que me dá a honra do acesso.
Obrigada.
A Tal Mineira 