por Sulamita Esteliam
Seria possível ter dúvidas de que alguém estava lucrando com a geral prescrição do Kit ineficaz – hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, vitamina C específica, zinco e antigripal também específico – para tratamento preventivo da Covid-19?
É o vil metal que move o desgoverno, e tudo, e todos, sem exceção, que o cercam. A área econômica e o gabinete paralelo da saúde andam de mãos dadas, todo o tempo.
Não há a menor possibilidade de empatia, comiseração, humanidade, compromisso com a vida do outro, do povo.
Nas palavras do amigo jornalista Afonso Borges, que subscrevo: “abatedouro humano”.
Hipócrates passa longe.
Nunca ficou tão patente de que há, sim, uma máfia de branco. E os que discordam ou tentam fazer o correto são dispensados e marcados.
O horror escancarado pela advogada dos médicos da Prevent Sênior na CPI do Fim do Mundo, nesta terça, vai além da prescrição do Kit Covid: inclui deixar morrer pela redução de oxigênio – para economizar.
Com o agravante de se pagar caro para ser morto mais depressa. A frase repetida por ela como sendo o bordão da empresa: “Óbito também é alta”.
Faz-me repetir aqui o que escrevi em meus perfis no Instagram e no Twitter ao longo do dia: a operadora paulista é apenas o caso mais escabroso, ora desnudado. Mas não está sozinha no negócio de faturar com desgraça alheia, sobretudo de gente velha.
Euzinha sou prova disso: escapei de virar estatística quando recusei o tratamento prescrito no atendimento virtual, quando tive suspeita de Covid-19 em janeiro deste ano. E o meu plano é o Hapvida Saúde, com sede em Fortaleza, Ceará.
A primeira médica me receitou ivermectina e vitaminas do kit ineficaz que se tornou obrigatório, palavra da depoente, para todos os médicos que atuam na Prevent, mas não só.
No meu caso, questionei e recusei o tratamento. Requeri o pedido para o teste, e ela me embromou com um discurso sobre o melhor tipo.
O segundo médico, a quem tive que recorrer no dia seguinte para insistir no encaminhamento para o PCR, simplesmente se recusou. Mandou-me procurar a urgência, por conta dos sintomas que descrevi.
Estava com dor de cabeça, alteração de pressão e sensação de desmaio, tosse e coriza, há cinco dias. Não tinha febre nem perda de olfato, paladar ou fome.
Disse-me que eu tinha que fazer um raio x do pulmão e um eletro, urgentemente. Expliquei que acabara de fazer um doper, e estava tudo certo com meu coração. E que sou alérgica, tenho rinite, e que não sentia falta de ar.
E ele com aquele jeito cearense de ser, me mandando para a urgência…
Argumentei, também, que corria o risco de me infectar, caso não tivesse doente, que o recomendável era testar. Ele manteve-se taxativo: “É o protocolo do plano para a idade da senhora, não posso fazer diferente”.
Notei a aflição do pobre, e a paciente era eu.
Então, desliguei e, com a ajuda do maridão procurei um laboratório particular e paguei pelo teste, para livrar-me da sofrência da espera do resultado no posto da prefeitura. Dois dias depois, o resultado: negativo.
Pedi o ressarcimento. Juntei toda a documentação e entreguei, presencialmente, no local indicado na resposta por escrito que recebi do Plano.
Curioso que a consulta presencial é desaconselhada e dificultada, a urgência é recomendada para grupos de risco, como idosos. Mas na hora de buscar seu direito, você tem que correr riscos.
E então descobre já no atendimento, que a razão de você estar reivindicando o que pagou por recusa da operadora, é o documento que lhe falta: “o pedido do médico”.
Você argumenta: “estou aqui, exatamente porque o médico me recusou o direito ao teste, do contrário não precisaria ter pago à parte, ora!”.
E a pobre da funcionária faz cara de paisagem, depois mostra a solidariedade possível: são as regras.
A chefe orienta a receber o requerimento e a documentação. O protocolo vai por email, que não chegou. Quarenta e cinco dias depois, a moça liga para avisar que, infelizmente, a matriz exige o tal do pedido médico.
Dois ou três meses após, nossa caçula também passou mal e foi parar na emergência Covid do plano, de madrugada. O namorado a acompanhou.
Fizeram a tal chapa do pulmão, estava limpo. A médica mal olhou para ela e taxou: a falta de ar seria “ansiedade”. Mas receitou algo específico: um anti-histamínico e broncodilatador.
Todavia, a afastou do trabalho e recomendou que aguardasse quatro dias para fazer o PCR, e que o fizesse via setor público. O plano só prescrevia o IGG (sorológico), que só pode ser feito a partir do oitavo dia do início dos sintomas, explicou.
A recusa em se requerer o teste, direito de quem é associado e de todo cidadão e cidadã, ancora-se na redução de despesa, na ganância. Criminosa, não há dúvida.
Não à toa, a ANS – Agência Nacional de Saúde, nesta mesma terça, andou fazendo buscas nas sedes do Hapvida, cujos tentáculos alcançam praticamente todas as regiões do país. Denúncia do Ministério Público Federal.
Há mais planos envolvidos na tramoia. Aqui mesmo, no Recife, em alguns locais Kit Covid virou boia nos atendimentos de urgência.
Começam a puxar o fio da meada que alimentou o tear macabro. O avesso de Penélope não quer parar a máquina da morte e da injúria.
Deixo o vídeo com parte do depoimento de Bruna Morato, a advogada dos médicos da Prevent Senior:
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Fontes requisitadas
Congresso Em Foco
Ala econômica do governo agiu contra a pandemia, diz advogada dos médicos da Prevent Senior
BBC Brasil
ANS investia Hapvida e faz diligências para apurar suspeitas em prescrições contra a Covid-19