por Sulamita Esteliam*
Sábado, dia 25, completa-se um ano do estouro da Barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, crime que deixou 272 mortos, 259 identificados até agora, mais de duas centenas de viúvas no pequeno município da Região Metropolitana de Belo Horizonte e um rastro de destruição irreparável.
O Rio Paraopeba, um dos mais importantes para o abastecimento da Região Metropolitana de Minas Gerais, está contaminado. Ceifou-se o meio de subsistência de milhares de pescadores e habitantes de vários lugares ao longo da bacia.
Para não deixar cair no esquecimento do MAB – Movimento de Atingidos por Barragens está em mobilização permanente na Marcha dos Atingidos, que começou na segunda-feira, 20, em Belo Horizonte.
Há marchas, atos políticos e culturais em vários municípios também atingidos, como trancamento de linhas férreas movimentadas pela Vale em vários pontos do estado; nesta quinta, por exemplo, deu-se em Martinho Campos.
A jornada de lutas inclui marcha ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e à Assembleia Legislativa, dentre outros pontos-símbolos das instituições responsáveis por não deixar impune o crime sócio-ambiental que se tem notícia neste país.
Os manifestantes já passaram por Pompeu, São José das Bicas. Nesta sexta, chega a Betim, onde, em Citrolândia recebe o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Seminário Internacional O Lucro Não Vale a Vida.
Em sua primeira viagem a Minas, depois que deixou a prisão em Curitiba, Lula se faz presente também ao Encontro da Coordenação do MST, em Sarzedo, e se reúne com professores na capital.
No sábado, as atividades da Marcha dos Atingidos se concentram no local do desastre criminoso provocado pela Vale, no Córrego do Feijão, em Brumadinho.
Se juntam às atividades promovidas pelo MST, que lança o Plano Nacional “Plantar árvores, produzir alimentos saudáveis”. O objetivo é plantar 100 milhões de mudas em 10 anos. A Vale atingiu 23 assentamentos do MST com o crime de Mariana e outras mil famílias com o crime de Brumadinho.
O ato político se dá em parceria com a CNBB e organizações da Frente Brasil Popular. Inclui marcha, plantio de árvores e celebração de missa em memória das vítimas do crime da Vale pelo Arcebispo Dom Walmor.
A 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho carrega a expectativa de reunir cerca 5 mil pessoas ao longo da vasta programação.
E por falar em crime da Vale, o Ministério Público de Minas Gerais, em conjunto com a Polícia Civil do estado, concluíram o inquérito sobre o rompimento da barragem em Brumadinho, às vésperas do aniversário de um ano do desastre.
Na última terça, ofereceram denúncia contra as duas empresas e 16 pessoas da direção da mineradora e da Tüv Süd Bureau de Projetos e Consultoria Ltda. As acusações: homicídio doloso, duplamente qualificado contra 272 pessoas e crime ambientais.
Eis a lista dos indiciados e denunciados e seus respectivos cargos na Vale à época do rompimento da barragem:
1. Fabio Schvartsman (diretor-presidente);
2. Silmar Magalhães Silva (diretor do Corredor Sudeste);
3. Lúcio Flavo Gallon Cavalli (diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão);
4. Joaquim Pedro de Toledo (gerente-executivo de Planejamento, Programação e Gestão do Corredor Sudeste);
5. Alexandre de Paula Campanha (gerente-executivo de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina);
6. Renzo Albieri Guimarães de Carvalho (gerente operacional de Geotecnia do Corredor Sudeste);
7. Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo (gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas);
8. César Augusto Paulino Grandchamp (especialista técnico em Geotecnia do Corredor Sudeste);
9. Cristina Heloíza da Silva Malheiros (engenheira sênior junto à Gerência de Geotecnia Operacional);
10. Washington Pirete da Silva (engenheiro especialista da Gerência Executiva de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina);
11. Felipe Figueiredo Rocha (engenheiro civil, atuava na Gerência de Gestão de Estruturas Geotécnicas).
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