por Sulamita Esteliam
O título é bem sugestivo: Nós também estivemos na linha de frente. É o novo livro do jornalista e amigo de longa data e ex-colega de trabalho, no muito antigamente, Marcelo Freitas, um craque do Jornalismo Literário e professor da matéria.
O lançamento é neste 17 de agosto, no Sindicato dos Jornalistas de Minas, de 19h às 21h30, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Não li o livro, ainda. Entretanto, em se tratando de trabalho do Marcelinho – é assim que o tratamos entre amigos – posso recomendar sem resguardo.
Narra os bastidores da cobertura da Covid-19, que define como sendo “a maior operação da imprensa brasileira em toda a sua história”. O texto de divulgação informa:
“O livro descreve como foi a migração do jornalismo presencial para o home office, os desafios enfrentados para fazer a cobertura da pandemia no novo modelo, a formação do Consórcio de Veículos de Imprensa, as agressões e tentativas de intimidação que os jornalistas sofreram durante a Covid-19, a parceria do jornalismo com os cientistas e a volta para o sistema presencial nas redações, a partir do final de 2022.”
Tarefa hercúlea produzir livro-reportagem. No caso, a partir de entrevistas a 61 profissionais: editores e repórteres de alguns dos principais veículos de comunicação do país – rádio, TVs, jornais impressos e portais de notícias; assessores de comunicação de instituições – e fontes vitais para a informação durante a pandemia, como o Instituto Butantan, a UFMG e o Ministério da Saúde.
O autor conversou com cientistas, que contam como se deu parceria com a imprensa, além do ex-ministro da Saúde Nelson Teich. Entrevistou membros da diretoria de entidades representativas de jornalistas e empresas do setor de comunicação: Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas, ABI – Associação Brasileira de Imprensa, Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, sindicatos dos jornalistas de Minas, São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, e também a ANJ – Associação Nacional de Jornais.
O release traz, nas palavras de Marcelo Freitas, a ideia-mestra que o levou a escolher o tema para o livro-reportagem: o fato de que o jornalismo, em essência, carrega o paradoxo de ser a profissão que reporta o que acontece no mundo, dos pequenos aos grandes acontecimentos, sejam eles alegres ou tristes. Entretanto…
“O jornalista fala de tudo e de todos. Mas quase não fala de si próprio. Suas histórias raramente estão nas páginas de jornais, nos portais de notícia, nos telejornais ou nos noticiosos de rádio. As histórias dos jornalistas são invisíveis”.
Realidade que prevaleceu durante a pandemia: pouco ou nada se falou sobre como as redações se reorganizaram, da noite para o dia, para cobrir um acontecimento do porte da Covid-19, observa o autor:
“Nenhum veículo mostrou como foi a rotina do jornalista trancado em casa, em home office e tendo que noticiar algo que ele não gostaria que fosse notícia. Nenhum veículo descreveu o medo dos jornalistas que iam para as entrevistas coletivas ou para os hospitais”.
O livro descreve também as mudanças ocorridas nos modelos de produção da notícia, como os trabalhos colaborativos. O melhor exemplo é o Consórcio de Veículos de Imprensa, que surgiu durante a pandemia. Descreve o funcionamento das redações em home office, que antes da Covid-19 acreditava-se que não seria possível.
Fala ainda sobre a edição remota de reportagens em vídeo; e a aceitação da ideia de que no jornalismo televisivo e de rádio a qualidade da imagem e do som não é mais determinante para que uma reportagem vá ao ar.
No entender do autor, a pandemia significou a quebra de vários dos paradigmas vigentes no jornalismo até antes da Covid-19. Marcelo Freitas acredita, contudo, que a transição ainda não se completou.
Nós também estivemos na linha de frente e é editado pela Comunicação de Fato, editora do autor, e está disponível para venda também pela internet, e custa R$ 55,00 + frete, naturalmente.
SERVIÇO:
Nós também estivemos na linha de frente
Lançamento: 17 de agosto, quarta-feira
Local: Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) – Avenida Álvares Cabral, 400, Belo Horizonte, MG
Horário: de 19h às 21h30
Exemplar: 216 páginas, R$ 55