por Sulamita Esteliam
A semana começa com os eflúvios do primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República nas Eleições Gerais de 2022. Um debate troncho, pois segue o modelo engessado, importado de um sistema que não nos pertence, e que é ultrapassado.
Não sou a única a verbalizar a crítica.
Só vi a segunda metade, o maridão nem chegou aí. Sonífero potente: feito sob medida para ataques ao líder das pesquisas, mas que não tira nem carrega votos.
Embora sirva à quebra da invisibilidade da maioria das candidaturas: esses e essas não têm nada a perder e, franco-atiradores que são, podem prometer o céu no inferno em que nos tornamos, que não altera a ordem natural das coisas.
Perda de tempo, na verdade, pois o modelo favorece mentir sem contraposição, e o direito de resposta é ao bel prazer da direção.
Ganham os veículos proponentes, que à guisa de atender ao processo democrático, capturam anunciantes: empresas, muitas delas envolvidas no golpe em movimento – desde a derrubada da primeira mulher eleita e reeleita presidenta da República.
É a democracia que temos. E continuaremos a ter, enquanto todos fingirem que exercem a liberdade de expressão, o livre debate de ideais, e que este é um país que vai para frente, eterno aspirante ao futuro…
Quem ansiava pelo enfrentamento de Lula com o Coisa-ruim, perdeu tempo. Lula optou por esquivar-se dos tiros de baixo-nível do candidato à reeleição, e devolver as estocadas do outro e de todos, quando lhe foi permitido, pela ordem ou quando lhe foi concedido direito de resposta.
Três dias antes, o desempenho impecável de Lula no Jornal Nacional – que o silenciou e bombardeou durante 16 anos – ecoou e Brasil afora e levou muita gente ao êxtase. A charge do Cau é perfeita tradução, obrigada.
E que bom que a audiência do principal noticiário televisio do país, serve para algo mais que vender anúncios e destilar intrigas de poder. Não faz mais do que cumprir seu papel de concessão pública, o que deveria ser praxe cotidiana.
Porque todo mundo, menos Euzinha, assiste o JN, ainda que critique as veleidades, que não são raras, sobretudo com as esquerdas, os movimentos sociais e o povo trabalhador e carente.
Já o segundo colocado, bem… quem assistiu sabe que prevalece a irresponsabilidade que lhe é peculiar. Tomou bordoada até do Ciro Gomes, o eterno candidato ao segundo turno, sem conseguir sair da terceira posição: é sua quarta tentativa.
Lula, também atacado, até tirou onda: falou da língua ferina e do “bom coração” do candidato a antagonista, e disse esperar desculpas e que ele não vá para Paris desta vez.
Ao Coisa-ruim, que o chamou de “ex-presidiário” mais de uma vez, limitou-se a dizer que foi absolvido em todos os 26 processos contra ele, aqui e no exterior. Lembrou que se tornou presidiário para que o outro pudesse ganhar as eleiçõesm 2018. Disse mais:
“Estou muito mais limpo do que ele ou os parentes dele. Estou candidato para ganhar as eleições e com um só decreto apagar todos os sigilos.”
As mulheres, pretendentes a onças ferozes, feministas de ocasião, que se arvoram professoras, têm raízes apodrecidas: uma votou para derrubar a presidenta Dilma, outra aliou-se ao capiroto contra um colega de profissão e melhor ministro da Educação que este país já teve.
Deu no que deu, e agora dizem ter o poder de consertar o que está errado. Só no gogó.
Como bem lembrou Lula em suas considerações finais:
“Aqui se fala do governo da Dilma, mas ninguém falou do golpe que a Dilma sofreu em 2016, ninguém falou que derrubaram uma mulher por causa de uma pedalada e não se derruba um cara por causa de uma motociata. Ou seja, esse país vai fazer o julgamento histórico da presidenta Dilma e eu estou muito tranquilo porque eu pensei em falar de obras públicas que eu fiz aqui, mas é tão medíocre o Brasil de obras hoje que eu não vou falar para não humilhar quem está governando o Brasil.”
Para quem não viu o debate insosso, inodoro e incolor, os melhores momentos selecionados pela campanha do líder. E aqui a seleção de Carta Capital nas considerações finais.
Para quem, como Euzinha, não assistiu á entrevista no Jornal Nacional – acompanhei pelo Twitter – alguns dos melhores momentos em vídeo, e a íntegra na versão textual.
Considerações finais
E antes teve a pérola de citar Paulo Freire para ilustrar a união com Geraldo Alckmin e que tais: